domingo, 15 de novembro de 2009

REALISMO, NATURALISMO e PARNASIANISMO

REALISMO, NATURALISMO e PARNASIANISMO
O Realismo e o Naturalismo têm início na França, considerada no século XIX como o centro cultural do mundo. Logo se espalha para toda a Europa e Portugal.
Na França
Realismo: Madame Bovary, de Gustave de Flaubert - 1857
Naturalismo: O romance experimental, de Emile Zola - 1867.
Parnasianismo: Le Parnasse contemporain (revista) - 1866, 1871 e 1876
Em Portugal
1865 - Questão Coimbrã
1871 - Conferência do Cassino Lisbonense.
1875 - Publicação de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, primeiro romance realista-naturalista.
1890 - Oaristos, de Eugênio de Castro. Início do Simbolismo.
No Brasil (1881)
Realismo - Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Naturalismo – O mulato, de Aluísio Azevedo
Referências históricas
Contexto sócio-político da época:
• teorias de nova interpretação da realidade - Positivismo, Socialismo Científico e Evolucionismo;
• na Europa vive-se a 2ª Revolução Industrial;
• no Brasil, campanha abolicionista a partir de 1850 que culmina com a Lei Áurea em 1888;
• fundação do Partido Republicano nacional após a Guerra do Paraguai;
• decadência da monarquia brasileira;
• fim da mão-de-obra escrava e sua substituição por trabalho assalariado;
• imigrantes europeus para a lavoura cafeeira;
• economia mais voltada para o mercado externo, sem colonialismo.
Datas importantes:
1840-1889: vigência do Segundo Reinado (D. Pedro II)
1850: Extinção do tráfico negreiro
Meados de 1870: Ampliação do comércio exterior e da imigração européia; aumento da exportação do café e início da industrialização.
1889: Proclamação da República
O Realismo, escola que substitui o Romantismo no Brasil, é uma reação diametralmente oposta aos excessos do Romantismo. Vejamos as principais diferenças entre Romantismo e Realismo:

ROMANTISMO (1836-1881)
- Ênfase na fantasia;
- Predomínio da emoção;
- Proximidade emocional entre autor e os temas;
- Subjetividade;
- Escapismo (literatura como fuga da realidade);
- Personagens idealizados;
- Nacionalismo;

REALISMO (1881 – 1893)
- Ênfase na realidade;
- Predomínio da razão;
- Distanciamento racional entre o autor e os temas;
- Objetividade;
- Engajamento (literatura como forma de transformar a realidade)
- Retrato fiel das personagens;
- A mulher numa visão real, sem idealizações...
- Universalismo.
Características do Realismo e do Naturalismo
Realismo e Naturalismo foram as duas escolas literárias de domínio narrativo no fim do século XIX e início do século XX. Sua contrapartida na poesia é chamada de Parnasianismo.
Realismo: os escritores voltavam-se para a observação do mundo objetivo. Procuravam fazer arte com os problemas concretos de seu tempo, sem preconceitos ou convenções. Focalizavam o cotidiano. O adultério, o clero e a sociedade burguesa em crise tornaram-se temas para as obras desse período.
Naturalismo: radicalizou o determinismo (o homem como produto de leis físicas e sociais) do movimento realista. Essa nova tendência apareceu em uma situação de grande pessimismo. Os escritores naturalistas introduziram o chamado "romance experimental". O movimento não se restringiu à ciência positivista. Registrou, como os realistas, não o passado, mas o presente com temas inovadores e linguagem atual. Denunciou a hipocrisia e caracterizou as lutas sociais, temáticas novas, que anteciparam a literatura de ênfase social do século XX.





Características do Realismo:
Objetivismo;
Descrições e adjetivações objetivas;
Linguagem culta e direta;
Mulher não idealizada; real. Ex.: Marcela e Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas), Sofia (Quincas Borba)...
Amor e outros interesses subordinados aos interesses sociais;
Herói problemático;
Narrativa lenta, tempo psicológico;
Personagens trabalhados psicologicamente.

Características do Naturalismo:
Determinismo biológico;
Objetivismo científico;
Temas de patologia social;
Observação e análise da realidade;
Ser humano descrito sob a ótica do animalesco e do sensual;
Linguagem simples;
Descrição e narrativa lentas;
Impessoalidade;
Preocupação com detalhes.

DIFERENÇAS ENTRE REALISMO E NATURALISMO

REALISMO
- Forte influência da literatura de Gustave Flaubert (França).
- Romance documental, apoiado na observação e na análise.
- A investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita “de dentro para fora”, por meio de análise psicológica capaz de abranger sua complexidade, utilizando a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar.
- Volta-se para a psicologia, centrando-se mais no indivíduo.
- As obras retratam e criticam as classes dominantes, a alta burguesia urbana e, normalmente, os personagens pertencem a esta classe social.
- O tratamento imparcial e objetivo dos temas garante ao leitor um espaço de interpretação, de elaboração de suas próprias conclusões a respeito das obras.

NATURALISMO
- Forte influência da literatura de Émile Zola (França).
- Romance experimental, apoiado na experimentação e observação científica.
- A investigação da sociedade e dos caracteres individuais ocorre “de fora para dentro”, os personagens tendem a se simplificar, pois são vistos como joguetes, pacientes dos fatores biológicos, históricos e sociais que determinam suas ações, pensamentos e sentimento.
- Volta-se para a biologia e a patologia, centrando-se mais no social.
- As obras retratam as camadas inferiores, o proletariado, os marginalizados e, normalmente, os personagens são oriundos dessas classes sociais mais baixas.
- o tratamento dos temas com base em uma visão determinista conduz e direciona as conclusões do leitor e empobrece literariamente os textos.


Quadro comparativo
Realismo Naturalismo
* a investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita de "dentro para fora", isto é, por meio de uma análise psicológica capaz de abranger toda a sua complexidade, utilizando entre outros recursos a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar; * a investigação da sociedade e dos caracteres individuais ocorre "de fora para dentro"; as personagens tendem a se simplificar, pois são vistas como joguetes, títeres dos fatores biológicos e sociais que determinam suas ações, pensamentos e sentimentos;
* ênfase nas relações entre os homens e a sociedade burguesa, atacando suas instituições e seus fundamentos ideológicos: o casamento, o clero, a escravidão do homem ao trabalho como meio de "vencer na vida"; as contradições entre ricos e pobres, vistas da ótica dos "vencidos"(os marginais, os operários, as prostitutas) e não dos "vencedores". * ênfase na descrição das coletividades, dos tipos humanos que encarnam os vícios, as taras, as patologias e anormalidades reveladoras do parentesco entre o homem e o animal, no homem descendo à condição animalesca em sua situação de mero produto das circunstâncias externas, como a hereditariedade e o maio ambiente;
* o tratamento imparcial e objetivo dos temas garante ao leitor um espaço de interpretação, de elaboração de suas próprias conclusões a respeito das obras. * o tratamento dos temas a partir de uma visão determinista conduz e direciona as conclusões do leitor e empobrece literalmente os textos.


ROMANCE REALISTA

MACHADO DE ASSIS

1ª FASE (Tendências românticas) Obras: Ressurreição, A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia.

Características Gerais:
- crença nos valores da época;
- estrutura de folhetim
- esquematismo psicológico.

2ª FASE (Tendências realistas) Obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires.

Características Gerais:
Análise psicológica (os seres vistos em sua complexidade psíquica)
Análise dos valores sociais (os valores que a sociedade cria para justificar sua própria existência)
Pessimismo (descrença nos indivíduos e na organização social)
Ironia (o chamado “sense of humor”, inspirado nos ingleses Stern e Swift)
Refinamento da linguagem narrativa.

Principais personagens:
Brás Cubas, Virgília, Quincas – (Memórias Póstumas de Brás Cubas)
Bentinho, Capitu, Escobar, José Dias, – (Dom Casmurro)
Quincas Borba, O cão e o Filósofo, Rubião, Sofia e Palha – (Quincas Borba)


ROMANCE NATURALISTA

ALUÍSIOAZEVEDO

Principais características:
- Expressão de destaque no naturalismo brasileiro;
- Sua linguagem literária era chocante, objetiva e direta. Procurava denunciar pela palavra a miséria, a corrupção moral. Muitos de seus personagens são doentes físicos, mentais, vítimas de suas próprias imperfeições.
- Demonstrava nítida preocupação com as classes marginalizadas pela sociedade.

OBRAS
- O Mulato
- Casa de Pensão
- O Cortiço (obra máxima do Naturalismo brasileiro).

O CORTIÇO
- Revelação da miséria urbana
- Enfoque nas classes marginais
- Determinismo do meio (tese dominante)
- Domínio do coletivo sobre o individual
- Desagregação dos instintos
- Principais personagens: João Romão, Bertoleza, Miranda, Jerônimo, Rita Baiana e Pombinha.


RAUL POMPÉIA

Principais características:
- Nasceu em Angra dos Reis e suicidou-se no Rio de Janeiro, na noite de Natal.
- Sua obra “O Ateneu” apresenta inspiração na adolescência do autor (estudou num colégio interno, o Colégio Abílio)
- Sua técnica se prende ao Impressionismo em que o artista enfatiza a impressão que a realidade despertou nele.

PARNASIANISMO “arte pela arte”

- Surge na França como reação à poesia romântica
- Procura corresponder, em poesia, ao Realismo na prosa

Características do Parnasianismo:
- Objetividade e impessoalidade do poeta
- Culto à Forma, entendida como métrica, rima e versificação.
- Utilização de fórmulas poéticas fixas como o soneto.
- “Arte pela Arte”: a arte só tem compromisso com ela mesma
- Tema principal: a mitologia greco-latina

PARNASIANISMO NO BRASIL

- Literatura descompromissada das elites
- Absoluto domínio em termos de prestígio
- Formação da tríade parnasiana (Olavo Bilac, Alberto Oliveira e Raimundo Correia)
- Uma das causas da Semana de Arte Moderna

TEMAS:
- A mitologia e a história greco-romana
- A natureza
- O amor sensual
- A pátria

OLAVO BILAC (Principal poeta)
OBRAS:
- Poesias
- Tarde

PRINCIPAIS POEMAS
- In extremis
- O caçador de esmeraldas
- Via-láctea
- Profissão de fé
- Sarças de fogo

Profissão de fé (fragmento)
(...)
Invejo o ourives quando escrevo: Torce, aprimora, alteia, lima
Imito o amor A frase; e, enfim,
Com que ele, em ouro, o alto relevo No verso de ouro engasta a rima,
Faz de uma flor. Como um rubim.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara Quero que a estrofe cristalina,
A pedra firo: Dobrada ao jeito
O alvo cristal, a pedra rara, Do ourives, saia da oficina
O ônix prefiro. Sem um defeito:
Por isso, corre, por servir-me, Assim procedo. Minha pena
Sobre o papel Segue esta norma,
A pena, como em prata firme Por te servir, Deusa serena,
Corre o cinzel. Serena Forma!”
(...)
Ouvir Estrelas

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso”. “ E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: - Tresloucado amigo.
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo?
E eu vos direi. - "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."


Um Beijo

Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...Glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! e anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto...



Bibliografia consultada:

http://pessoal.educacional.com.br/up/4380001/1434835/t139.asp
http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura/realismo.naturalismo1.htm
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/portugues/literatura_brasileira/estilos_literarios/5_realismo_naturalismo_brasil
http://www.sitedeliteratura.com/Litbras/Realismo.htm
http://www.graudez.com.br/literatura/realismonaturalismo.html
http://www.geocities.com/slprometheus/html/his7.htm