quinta-feira, 5 de novembro de 2009

UM pouco DE Monteiro Lobato...

Todos conhecem Monteiro Lobato por ser autor do Sítiodo Picapau Amarelo . mas a personalidade maginifica vai além. Paulista, baixinho, sobrancelhudo!! Lingua à solta.
Vivo fisicamente entre 1882 e 1948- viveu entre dois brasis dos tantos existentes. entre 1882 e 1948 o tradicional , outro agrícola, o patriarcal, o tradicionalista . Nesse país ele inventou um Brasil matriarcal através do Sítio. Prestou contas com um burro falante, lembram? Quando só lembravam do boi, fez o burro personagem inesquecível. Momento que mudava tudo, acabava a escravatura, a industria descarrilhava, as cidades borbulhavam. Surgia um novo brasil! Quem não lembra do burro falante e do sabugo inteligente hum!!
Nesse Brasil, Lobato foi magnifico cidadão. Fazendeiro do Vale do Paraíba. O autor destemperou-se contra o hábito caipira de por fogo no mato para limpar terra para a lavoura , parece atual né!
Também escreveu artigos para jornais, marcou o Jeca como preguiçoso, parasita e predador. Ficou famoso.
Antes de dez anos, teve que se redimir: percebeu que era falta de saúde! Aquilo que chamara de caipira preguiçoso.

Em menos de dez anos mudou de idéia: compreendeu que era falta
de saúde o que tinha considerado preguiça do caipira. Escreveu novos
artigos redimindo Jeca e denunciando a precariedade das políticas de saúde
no Brasil.
Ficou mais famoso ainda.
Vinte anos depois, nova virada de mesa. Monteiro Lobato entendeu
finalmente que o Jeca era vitima da estrutura latifundiária brasileira. E de novo se
pôs a escrever sobre o assunto, só que agora não mais artigos para jornal , porém
um panfleto, Zé Brasil que, no formato de um almanaque de farmácia,
pretendia circular entre os jecas . Mas ...

A pretendida circulação popular foi pro beleléu. Era 1947 e a polícia
apreendeu o livrinho como, seis anos antes havia posto Monteiro Lobato na
cadeia, por desacato à autoridade .
Ao longo de sua vida, várias foram as ocasiões em que Monteiro Lobato
manifestou seu fascínio pela tecnologia , financiando por engenhocas e
tomando partido face a diferentes formas de transformar ferro em aço. Traços
surpreendentes no perfil do escritor para crianças ? Nem tanto: coerentíssimos
em um escritor que inventa um sítio encantado onde jorra petróleo ... analogia Sitio- Petróleo...EStados Unidos proibia Brasil explorar petroleo parece que estamos semore tangeando acerca do mesmo assunto.
No atacado, o interesse de Lobato pela tecnologia talvez esteja na base
de seu deslumbramento pelos Estados Unidos, onde morou entre 1927 e 1931.
De lá, descrevia em cartas entusiasmadas aos amigos do Brasil a fábrica Ford,
os cinemas e o metrô de Nova Iorque.
Seu deslumbramento e entusiasmo pelo american way of life , no entanto,
não impediram que mais tarde ele criticasse violentamente o imperialismo
norte-americano que proibia a exploração do petróleo brasileiro

Seu deslumbramento e entusiasmo pelo american way of life , no entanto,
não impediram que mais tarde ele criticasse violentamente o imperialismo
norte-americano que proibia a exploração do petróleo brasileiro .
Na obra de Lobato, dois livros focalizam a questão do petróleo: O
escândalo do petróleo ( 1936) , livro para gente grande e O poço do Visconde (
1937) , deliciosa aula-fábula infantil. O livro para adultos narra e documenta
todas as voltas e vira voltas das campanhas de Lobato pela criação de
companhias petrolíferas brasileiras.
O poço do Visconde constitui uma aula de geologia e uma fábula política.
Emília, o Visconde, Pedrinho e Narizinho procuram, acham e exploram o petróleo
nas terras de Dona Benta , por entre lances hilários, entre os quais avulta o
banho de petróleo fedorento no repórter que tem má vontade em relação à
descoberta de petróleo.
Até aqui, lições e bom humor.
A fábula política começa quando, descoberto o petróleo , companhias
norte-americanas compram as terras vizinhas do sítio com a intenção de desviar
o petróleo . O engenho de Emília, a coragem das crianças e a colaboração dos
bichos varrem o perigo para longe e no final da história fica na cabeça dos 3
leitores a lição maior de que ciência e tecnologia fazem parte da política, no
sentido maior desta expressão.
Não se trata mesmo de um Lobato de encomenda para nosso tempo ?