quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

FILOSOFANDO EPICURO

Há quem diga que Epicuro nega a metafísica . Mas isso não é verdadeiro. O pensamento de Epicuro é, em verdade, duas vezes metafísico: primeiro porque entende que o cosmo é formado de átomo; segundo porque entende que todos estão direcionados ao prazer. Com essas duas concepções, Epicuro não se desprende da metafísica, pelo contrário, coloca o prazer (como direcionamento humano) e o átomo (como formação cosmótica) como referências do Ser.

Você traduz imprecisamente por "vida efêmera" a passagem de Carta a Meneceu que Epicuro nos diz sobre "a condição mortal da vida" (ζωῆς θνητόν) . Eis a passagem: [ὅθεν γνῶσις ὀρθὴ τοῦ μηθὲν εἶναι πρὸς ἡμᾶς τὸν θάνατον ἀπολαυστὸν ποιεῖ τὸ τῆς ζωῆς θνητόν [a compreensão correta de que a morte nada é para nós, torna agradável a condição mortal da vida ]. Traduzir isso por "vida efêmera" ("efêmero" significa: de pouca duração; passageiro, transitório) é desvirtuar o que Epicuro intenta dizer, isso porque há ênfase da parte de Epicuro, ao usar a expressão ζωῆς θνητόν, em afirmar que a vida possui uma condição mortal. Você pode conferir quanto a isso uma ótima tradução de Carta a Meneceu em língua francesa, feita por Marcel conché, que traduz essa mesma passagem ζωῆς θνητόν como “condition mortelle de la vie”.