domingo, 25 de outubro de 2009

Língua portuguesa última flor do Lácio

Língua potuguesa
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre cascalhos vela...

Amo-ti assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selva e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso ídioma,
Em que da Voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!